Homem I



Uma pena nego achar estranho
quando alguém chega e diz "te amo"
porque é essa minha vontade
vendo o moreno do outro lado da rua.
Sua janela aberta, ele se secando,
acho que gosta que o olhem
porque seu corpo, e todos os grandes detalhes,
são o assunto nos elevadores.
Uma mistura de tentação com maldade,
assim eu definiria seu corpo.
A bunda, as pernas, coxas peludas,
quem disse que amor não é saliva
não tem a paisagem que eu observo.
E se seca, roça a toalha no corpo todo,
deve ter aquele barulho típico
de toalha quando seca o corpo,
que roça e deixa quente;
minha boca: um mar, tanta água e sal.
Coloco o pau pra fora e me masturbo,
o homenageio todas as noites.
Apago as luzes, pego uma cerveja
e sento em frente à janela.
Chega, tira os sapatos.
Ele de meias e cuecas... deve ser o demônio.
Há um desenho exótico, os oblíquos,
deve ser a bunda, um pouquinho caída,
tão carnuda.
Banha-se e volta, com a toalha enrolada.
Então a tira.
E nesse pequeno instante
(entre a queda da toalha e o vestir da cueca)
o mundo para e sua torcida grita.
É gol, bola e tudo dentro da rede.
Gozo, pelado. Limpo com papel higiênico
e durmo gostoso pensando
que o diabo tenta a gente de toda forma.
E eu, timidamente, com meus receios cristãos,
o agradeço!

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